domingo, 1 de janeiro de 2012

LIDERANÇA E.

Perguntaram-me, recentemente, se eu notava crescentes evidências de espiritualidade no local de trabalho. Respondi, um tanto acabrunhado: "Tenho visto muito pouca evidência de espiritualidade em organizações."

Esta resposta pede outra pergunta: Como seria a espiritualidade no local de trabalho? O que constitui liderança espiritual adequada numa força de trabalho diversa e multi cultural?

Através da observação de líderes históricos e contemporâneos, vim a crer que as respostas a essas perguntas residem nas definições das palavras "espiritual" e "liderança".

Espiritual. Espiritual
é bastante distinto de religioso. Espiritual reconhece que há algo de sagrado em relação à própria vida. Reconhece que, qualquer que seja sua fonte, este elemento sagrado está em nós mesmos e em cada ser vivo.

Compreende intuitivamente que, indevidamente de diferenças extremas, compartilhamos comunidade. Dessa comunidade sagrada brotam valores essenciais de decência humana.

E, se honrarmos esses valores, eles informam nossas decisões e relacionamentos.

Liderança. Liderança
sempre implica visão, uma capacidade para discernir uma direcção que outros no grupo poderão, ou não, já ter vislumbrado, mas que podem ser levados a explorar. Há sempre uma certa ousadia, uma disposição de abrir novos horizontes, de abrir mão do antigo, de aguçar, de forma construtiva, o contraste entre as escolhas com que o grupo se depara. Há também fidelidade, tanto à visão quanto ao grupo. Quando visão e energia são informadas por valores sagrados, a liderança espiritual poderá emergir.

A próxima pergunta é: "Como isso funciona no mundo real?"

A liderança espiritual é geralmente calada quanto à sua própria natureza. O líder espiritual raramente fala directamente na fonte e natureza de sua espiritualidade. A consciência espiritual molda o quadro de referência interno do líder. Não se oculta, mas também não se alardeiam. É, entretanto, continuamente renovada.

A liderança espiritual é norteada por princípios. O líder está disposto a pagar um preço por agir com base em princípios quando isto se choca contra benefícios políticos ou económicos. Sua estrutura de valores claramente coloca fazer a coisa certa acima de ganhos pessoais ou corporativos.

Esses líderes apoiam-se profundamente em suas orientações espirituais para terem a coragem de enfrentar a pressão por eles sofrida para que desafiem seus princípios. Obtêm força de suas ligações espirituais para desafiarem o status quão. Se testemunharmos esses actos, os veremos como actos de pessoas honradas e frequentemente não percebemos a sustentação espiritual daquela honradez.

Decência e Respeito


Líderes espirituais agem com decência. Estabelecem um padrão de como as pessoas serão tratadas. Isto não significa ser mole, ignorar a linha de resultados ou aceitar um desempenho ruim. Significa obter o máximo desempenho de uma equipe através da inspiração, não de medo e, ao tomar decisões que tenham efeitos adversos sobre outros, implementá-las com a compaixão e respeito.

Temos grande necessidade de líderes que sejam modelos e insistam em decência. A liderança espiritual jamais denigre os seres humanos a que serve. Ela requer que periodicamente demos um passo atrás e nos perguntemos como nossas actividades beneficiam aqueles cujas vidas tocamos. Como estamos utilizando o poder que adquirimos para fazer o bem?

Quer a liderança venha do alto quer de baixo, reconhecemos líderes espirituais não através de invocações, grupos de estudo ou proclamações, e sim pelos seus actos. Reconhecemo-los pelo seu tratamento corajoso e respeitoso do espírito encarnado na forma de seus colegas e staff, clientes, vizinhos e comunidades.

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