terça-feira, 1 de maio de 2012

Movimento de Mulheres!...

A história de luta e organização das mulheres trabalhadoras vem se construindo e fortalecendo junto com a história da humanidade. Basta olharmos o que foram as guerras, a constituição dos povos, a participação das trabalhadoras e trabalhadores na sociedade, a conquista de direitos básicos das pessoas.

Muitas iniciativas, envolvendo algumas mulheres aconteceram para quebrar preconceitos e violências na casa (espaço privado), nas lutas sociais (espaço público), entre outras. Algumas destas lutas deram origem a movimentos e entidades feministas, de grande contribuição para o avanço da emancipação das mulheres.

Nos anos da década de 1980 se consolidaram diferentes movimentos de mulheres nos estados, em sintonia com o surgimento de vários movimentos do campo. Nós trabalhadoras]res ]rurais construímos a nossa própria organização. Motivadas pela bandeira do Reconhecimento e Valorização das Trabalhadoras]res] Rurais, desencadeamos lutas como: a libertação da mulher, sindicalização, documentação, direitos providenciaros providenciados(salário maternidade, aposentado ria,...),participação política entre outras.

Com este processo, sentimos a necessidade de articulação com as mulheres organizadas nos demais movimentos mistos do campo. Em 1995, criamos a Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, reunindo as mulheres dos seguintes movimentos: Movimentos Autónomos, Comissão Pastoral da Terra – CPT, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, Pastoral da Juventude Rural - PJR, Movimento dos Atingidos pelas Barragens – MAB, alguns Sindicatos de Trabalhadores Rurais e, no último período, o Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA.

Este processo de articulação dos movimentos de mulheres e das mulheres dos movimentos mistos foi marcado por :


"D" Jullian


Celebração de datas históricas e significativas como o dia 08 de Março, Dia Internacional da Mulher; 28 de maio, Dia Internacional de luta pela saúde da mulher; 12 de Agosto, dia nacional de luta das mulheres trabalhadoras rurais contra a violência no campo e por Reforma Agrária; 7 de Setembro, Grito dos Excluídos,...


Lutas: a continuidade e ampliação dos direitos previdenciários, a saúde pública, novo projecto popular de agricultura, reforma agrária, campanha de documentação...


Formação: política – ideológica, direccionada aos diferentes níveis da militância e da base.


Materiais: elaboração e produção de cartilhas, vídeos, panfletos, folhetos e cartazes como instrumentos de trabalho para a base e para as lutas.

Toda esta bagagem trazida pelos movimentos autónomos de mulheres, associada aos demais movimentos, reafirmou a luta das mulheres em dois eixos: Género e Classe. Somos mulheres que lutamos pela igualdade nas relações e pertencemos à classe das trabalhadoras e trabalhadores. Nessa trajectória de luta e organização das mulheres camponesas foi sendo construída uma mística feminina, feminista e libertadora, cujo conteúdo se expressa no Projecto Popular que o Movimento está comprometido que articula a transformação das relações sociais de classe com a mudança nas relações com a natureza e a construção de novas relações sociais de género Essa mística se expressa em símbolos do movimento e, ao mesmo tempo na práxis colectiva do movimento, quanto das mulheres camponesas inseridas nele.

Aos poucos, os movimentos de mulheres foram se fortalecendo nos estados, avançando nas lutas específicas e gerais, na organização da base, na formação de lideranças e na compreensão do momento histórico em que vivemos. A partir desta leitura e movidas pelo sentimento de fortalecer a luta em defesa da vida, começamos a potencializar e unificar o movimento autónomo para ter expressão e carácter nacional.

Depois de várias actividades nos grupos de base, municípios e estados e com a realização do Curso Nacional (de 21 à 24 de Setembro/2003), que contou com a presença de 50 mulheres, vindas de 14 estados, representando os Movimentos Autónomos, apontamos os rumos concretos do movimento como também decidimos que terá o nome de: Movimento de Mulheres Camponesas.

Fizemos debates sobre a categoria camponês que compreende a unidade produtiva camponesa centrada no núcleo familiar a qual, por um lado se dedica a uma produção agrícola e artesanal autónoma com o objectivo de satisfazer as necessidades familiares de subsistência e por outro, comercializar parte de sua produção para garantir recursos necessários à compra de produtos e serviços que não produz.

Neste sentido, mulher camponesa, é aquela que, de uma ou de outra maneira, produz o alimento e garante a subsistência da família. É a pequena agricultora, a pescadora artesanal, a quebradeira de coco, as extrativistas, arrendatárias, mediras, ribeirinhas, poceiras, bóias-frias, diaristas, parceiras, sem terra, acampadas e assentadas, assalariadas rurais e indígenas. A soma e a unificação destas experiências camponesas e a participação política da mulher, legitima e confirma no Brasil, o nome de Movimento de Mulheres Camponesas.

Constituir um movimento nacional das mulheres camponesas se justifica a partir da certeza de que “a libertação da mulher é obra da própria mulher, fruto da organização e da luta”, e também:


porque nossa militância se constitui como uma sementeira no processo de recuperação e construção de novas relações, valores e princípios apontando, para a vivência de novas práticas cotidianas;


pela nossa capacidade de fortalecer e ampliar o trabalho de base nos diferentes Estados do Brasil;


porque exercitamos a prática do estudo, da formação, da organização, e do trabalho de base, reforçando a luta, para além de nossos estados e municípios e com maior intensidade do que vínhamos fazendo até aqui;


temos o acúmulo necessário, obtido pela experiência do enfrentamento com o modelo neoliberal que produz, ao mesmo tempo, a opressão de gênero e a exploração de classe que fere a dignidade de mulheres e de homens, jovens e idosos, negros, brancos e indígenas;


porque nós, mulheres camponesas, temos a capacidade de decidir e dirigir nossas ações;


porque temos capacidade de articulação com amplo campo de entidades e movimentos que lutam, acreditam e possuem identidade com o Projeto Popular. Entendemos que entre os movimentos aliados há uma unidade de valores, princípios e lutas que foram sendo construídas historicamente por mulheres e homens;


porque queremos continuar no campo, produzindo alimentos, preservando a vida, as espécies e a natureza, desenvolvendo experiências de um Projetoagroecologia, da preservação da biodiversidade, do uso das plantas medicinais, da recuperação das sementes como patrimônio dos povos a serviço da humanidade, da alimentação saudável como soberania das nações, da diversificação da produção, da valorização do trabalho das mulheres camponesas.


Através da unidade nacional daremos visibilidade às ações e lutas das mulheres que está em permanente construção.


Porque entendemos que é necessário avançar na continuidade das lutas específicas e gerais, enfrentando o sistema neoliberal e ao machismo que explora as mulheres e a classe trabalhadora;


Queremos avançar no processo de formação e construção de nossa identidade enquanto mulher, enquanto camponesa e enquanto Movimento Social. Fortalecer e ampliar a história de luta das mulheres trabalhadoras do Brasil, América Latina e mundial.

1 comentário:

JHOVENLAYNE disse...

MUITO BACANA ESSE POST........