terça-feira, 10 de setembro de 2013

DIFERENÇA



Define-se o ser humano como sendo um ser complexo dotado de bastantes capacidades, contudo e apesar de sermos “idênticos” em muitos aspectos, em muitos mais somos distintos pois existe no ser humano uma diversidade a nível biológico, cultural e individual.

Somos biologicamente diferentes uns dos outros porque temos um genoma que varia de pessoa para pessoa (excepto em gémeos homozigotos que são aqueles que resultam do desdobramento do ovo). A passagem da informação genética dá-se de pais para filhos e os agentes responsáveis são, efectivamente, cromossomas (longos filamentos enrolados, constituídos quimicamente por ADN), genes (segmento de um cromossoma a que corresponde um código genético) e ADN (ácido desoxirribonucleico, constituído por duas cadeias enroladas que são compostas por quatro bases azotadas, a timina, a guanina, a citosina e a adenina).

Por conseguinte podemos afirmar que a informação genética transmitida vai ser diferente em todos os seres vivos, excepto o caso que já mencionei e por tal somos todos geneticamente diferentes uns dos outros.

O ser humano é também diferente no que se relaciona com o seu cérebro. Os nossos cérebros são fisicamente diferentes uns dos outros, no entanto o processo de individuação ultrapassa as definições genéticas, porque as experiências vividas pelos indivíduos desde as intra-uterinas como ao longo da sua vida marcam as estruturas do cérebro, fornecendo assim a singularidade. Podemos também dizer que somos dotados de uma diversidade cultural, sem a cultura, sem as possibilidades de desenvolvimento que nos proporciona crescer num contexto cultural particular, seríamos seres incompletos, inacabados. Nascemos, crescemos e vivemos em contextos socioculturais muito variados. É nestes que se desenvolve, em interacção uns com os outros e com os diferentes ambientes e situações a aprender, a capacidade de criar e de transformar subjacente ao processo de adaptação.

O processo de integração numa sociedade e cultura particular, indispensável para todos nós, faz com que a diversidade cultural, dos contextos socioculturais onde nos inscrevemos, se traduza em formas distintas de estar, pensar, de ser e de nos comportarmos.

Por último e, na minha opinião, o mais importante é a nossa diversidade a nível individual. Sobre isto nós responderíamos, à priori, que sim, que todos somos diferentes e no que diz respeito ao foro pessoal a diversidade ainda se torna mais visível mas, o que maior parte de nós não tem noção sequer é que é essa mesma diversidade que se torna muito importante para a nossa adaptação e para o respeito e compreensão que devemos ter pela diferença.

Nós somos seres autónomos e auto-determinados, porque somos capazes de escapar tanto a uma determinação biológica como a uma determinação sociocultural. A influência das práticas e dos significados socioculturais interage com a singularidade do nosso corpo, do nosso ponto de vista e da nossa experiência do mundo. É nesta dimensão pessoal, que é construída sempre com referência a um certo contexto, que se enquadram os significados e valores que atribuímos às pessoas e às coisas.

Então, e por tudo isto que mencionei, somos diferentes sim e a vários níveis como é perceptível, mas, agora a pergunta que paira na cabeça das pessoas é: “Qual a importância e as respectivas vantagens da diversidade humana?”

Ora bem, sermos diferentes traz vantagens inerentes sendo uma delas a aceitação pelo o que é diferente, nem sempre isto acontece, é verdade, mas pelo menos deveria acontecer. O que eu quero com isto dizer é que, ao vermos as diferenças entre nós passamos a estar mais aptos para aceitá-las, respeitá-las porque, como todos nós bem sabemos, existem determinados grupos, minorias como imigrantes, homossexuais, pobres que são alvo de desrespeito pela diferença. Agora as coisas são diferentes, não quero com isto dizer que agora já não há qualquer tipo de desrespeito, porque há, mas é menor. São cada vez mais comuns os estudos e os textos científicos onde se procura incluir saber sobre populações diversas, mas não basta incluir a diversidade nos estudos porque é preciso que estes sejam sensíveis à população que estudam e que evitem formas de “imperialismo cultural”, onde é imposta uma visão estranha a essa população.

Para desenvolvermos as nossas capacidades e potencialidades enquanto seres humanos autónomos e livres, necessitamos de crescer e de viver em meios que nos permitam exercer e praticar essas capacidades de autonomia e de liberdade; precisamos de nos sentir apoiados e desfiados, compreendidos e respeitados. Por tal, outra vantagem da diversidade humana é mesmo tornar um mundo mais justo e igual, sendo esta última palavra que mencionei estranha, pois pessoas diferentes e mundo igual será incompatível, pensam muitos, mas não, porque é com essas diferenças todas juntas, com a sua aceitação, respeito, compreensão e aprendizagem através das mesmas que nós conseguimos viver melhor numa sociedade integrante. Quanto mais forem as diferenças mais são os valores por nós adquiridos através delas, maior vai ser a nossa capacidade de aprender e interiorizar o conceito de justiça.

O problema não está nas diferenças entre cada um de nós mas sim na incapacidade que, muitas vezes temos, em torná-las semelhanças.

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